28 novembro, 2012

Regências aplicadas


Escola: CEBEJA
Turma: 3 º ano noturno
Dia: 31/07/2010
Aula sobre a relação entre indivíduo e sociedade dentro das perspectivas do sociólogo Emile Durkheim. A ideia era abordar os conceitos chaves do autor a partir da dinâmica do boneco, a qual é inspirada em uma oficina sobre identidade do projeto Oficinas da Cidadania do programa Universidade sem Fronteiras. A dinâmica necessita de uma apresentação do autor, quem foi ele, onde viveu, o que estudou, em que época viveu e como isso influência na sua teoria.O segundo momento, pega-se o boneco feito de papel kraft e divide-se o mesmo entre a turma, e pede para que eles escrevam em seu pedaço do boneco algo que os represente, uma frase, uma banda, uma música, nomes de pessoas, um time de futebol, qualquer coisa, feito isso remontamos o boneco e iniciei a discussão sobre os conceitos deste autor, primeiramente com a ideia de coesão social e a importância disso pra se viver em sociedade e a partir daí definindo outros conceitos.
Esta dinâmica não obteve sucesso com essa turma, tinham 30 alunos em sala, que não respondiam o que eu perguntava, e não tinha reações ao conteúdo, tentei de todas as formas fazer com que a dinâmica ocorre-se e eles conversassem comigo, ao menos respondessem meus questionamentos, porém, nem isso aconteceu, e posteriormente, o professor regente Wilson Erger comentou que esta turma em especifico é apática e de difícil interação com o professor. Eu percebi, e depois o Wilson confirmou que eles discutem entre si o conteúdo, mas não levam para o professor e para sala como um todo. 
Considero esta a minha pior experiência em sala de aula, pois, me vi obrigada a utilizar de uma metodologia somente expositiva, anotando os conceitos no quadro, apresentando um aspecto autoritário, em que eu era a dona do saber, e eles estavam ali para me escutar, não interessando o que eles pensam. Por mais que eu tenha tentado quebrar esse gelo me pareceu que a turma se caracteriza assim, pois em regência posterior com eles o mesmo fato, a falta de interação com o professor se repetiu.  Não me senti confortável em não construir em conjunto os conceitos, pois, eu posso ser uma estudante para a tarefa da docência, e possuir mais conhecimento científico que eles, porém, as vivências deles e a interpretação de mundo dos mesmos são importantes para que eles entendam a sociologia, e não sejam passíveis a tudo que acontece no mundo.
  

Plano de Aula: Emile Durkheim e a relação indivíduo e sociedade.
Duração: de 2 a 4 aulas.
Objetivo Geral:
Expor os conceitos e abordagens sociológicas de Emile Durkheim sobre a relação entre indivíduo e sociedade.
Objetivos específicos:
Abordar os aspectos históricos da produção teorica do sociólogo.
Compreender os diversos conceitos elaborados por Durkheim.
- Estabelecer relações entre os conceitos de Durkheim referentes a relação indivíduo e sociedade com a atualidade.
Metodologia de Ensino:
Aula expositiva  acompanhada de dinâmica com boneco confeccionado em papel kraft.
Inicio: Apresentação de quem é Emile Durkheim, onde e quando viveu, quais fatores que influenciaram sua obra e sobre o que estudou.
Dinâmica do boneco: O professor terá um boneco de papel, que os alunos retirarão um pedaço e escrevam algo que os identifique, uma adjetivo, um desenho, uma banda etc. Depois que todos terminaram de escrever remonta-se o boneco, não precisa ser certinho, do jeito que sair.
A partir disto inicia-se a discussão que para este autor a sociedade funciona como o corpo humano, onde cada indivíduo tem seu papel, e estes levam a uma coesão social. Essa coesão é atingida a partir da solidariedade social, que se diferencia conforme o grau de divisão social do trabalho, quanto mais complexa tem se a solidariedade orgânica, quanto menos complexa a solidariedade mecânica. Estas solidariedades refletem a partir da divisão social do trabalho o grau de independência do individuo, embora este não deixe de ser dependente da sociedade em que vive, pois esta é exterior e anterior ao individuo, por isso ela molda este indivíduo e este, a partir de suas ações influencia também a sociedade, pois ele legitima suas regras.
Conceitos que serão definidos a partir destas discussões.
(Irei anotar estes conceitos no quadro para eles copiarem as definições)
Fato social: é o objeto de estudo da sociologia, sendo ele externo ao indivíduo, anterior a ele e coercitivos exercendo uma autoridade sobre os indivíduos. Assim, o fato social é composto pelas maneiras de agir, mais fluídos, tais como: as correntes e movimentos sociais que nos guiam, segundo sua época, por exemplo o casamento. E pelas maneiras de ser, estas são cristalizados na sociedade, como por exemplo, as regras jurídicas, religiosas.
Sociedade:  é um sistema de funções diferentes e especiais, onde cada um tem um papel que define seu lugar e função no corpo social. Para Durkheim, a sociedade se assemelha ao corpo humano, cada órgão tem sua função, e o descumprimento desta afeta o funcionamento do corpo como um todo.
Representações coletivas:  é a maneira como a sociedade se vê, e olha para o mundo ao seu redor, por tanto são mitos, regras, lendas,  concepção religiosa, noções morais. Estas são fatos sociais porque são externos ao individuo, quando ele nasceu estas já existiam e coagem o seu modo de ação.
 Coerção: é a maneira que a sociedade impõe suas maneiras de ser, de agir, seus valores, morais  ao indivíduo que pertence a esta sociedade, ela não ocorre pela violência física, mas por um poder simbólico de exclusão ou repressão caso se desrespeite as regras. Assim, vemos que as expressões coletivas não são soma das expressões individuais, mas uma síntese da ultima de maneira que o coletivo impere sobre o individual.
Consciência individual e coletiva: o individuo é formado por duas consciências uma coletiva ou comum que não nos representa, mas sim a sociedade agindo sobre nós, portanto, a consciência coletiva, é o conjunto de crenças e sentimentos comum a coletividade que gera um sistema determinado e próprio da sociedade. Já a consciência individual é aquela que é própria de nós, o que temos de pessoal e nos torna um individuo, assim, a consciência coletiva nos insere na sociedade e a consciência individual nos personifica e individualiza do restante da sociedade.
Solidariedade Social: é o fator que garante a coesão entre os membros do grupo, ou seja, a solidariedade social é expressão da das consciências individuais e coletivas sobre o grupo, de maneira mantê-lo em uma unidade. A solidariedade social modifica-se conforme a organização social, e, portanto, de acordo com a divisão social do trabalho, que se dá não só no âmbito econômico, mas também no politico, administrativo, artístico, cientifico etc. Assim, quanto maior a divisão social do trabalho mais individualizada é sociedade e quanto menor mais coletiva, porém, para cada tipo existe uma solidariedade que mantém a coesão e unidade social.
Solidariedade Mecânica: representa as sociedades com pouca divisão social do trabalho, e portanto, liga o individuo diretamente a sociedade sem intermédios. Assim, a solidariedade mecânica a pouca individualização e predomínio de um tipo coletivo geral, onde os indivíduos são pouco ou nada desiguais, fazendo que a solidariedade entre eles seja a partir das semelhanças que possuem. Ex: tribos indígenas, tribos urbanas.
Solidariedade Orgânica: representa as sociedades com grande divisão social do trabalho e predominância da individuação sobre a coletividade fazendo com que a solidariedade se de pelas diferenças entre os indivíduos, que tem uma esfera própria de ação. Isso leva a uma interdependência entre os membros que compõem a sociedade.
Tanto a solidariedade mecânica quanto a orgânica cumprem a função de manter a coesão social, a primeira pela coletividade e a segunda pela individualidade.
Divisão Social do Trabalho: tem como função integrar o corpo social, ou seja, assegurar a unidade e coesão da sociedade, sendo uma condição de existência para as sociedades complexas e para a solidariedade orgânica.
Moral: um sistema de normas de conduta que determinam o modo como o indivíduo deve se comportar em determinadas circunstancias, essas normas remetem a noção de dever, e portanto, quando praticadas pelos indivíduos exercem o papel de coesão social, representando a moralidade , quando essas normas estão enfraquecidas devido a mudanças estruturais da sociedade e não conseguem manter a coesão entra-se no estado de anomia, ou seja, as representações sociais e a solidariedade social estão anômicas, doentes, e não conseguem fazer perpetuar sua moral. 
O Suicídio: Durkheim estuda o suicídio pois quer demonstrar a força que a sociedade exerce sobre os indivíduos mesmo em sociedade modernas e complexas, com elevada divisão social do trabalho e grande individualidade. A escolha do suicídio se dá pois este até então fora tratado como algo individual sem influencia social, porém, segundo Durkheim, o ato de tirar a própria vida é um fato social, pois a sociedade estimula o individuo a isso a partir das cobranças em relação a sua ação, assim, a causa que leva ao suicídio é exterior ao individuo .
Suicídio egoísta: é em decorrência de uma individuação desmedida e descontrolada, em consequência da elevada divisão social do trabalho. Portanto, ocorre quando o individuo se vê ausente de vida social e desamparado moralmente.
Suicídio altruísta: é em decorrência da pouca individuação e grande poder da coletividade, assim, o altruísta é aquele que se sente obrigado pela sociedade a faze-lo, é visto como um dever do indivíduo. É mais comum nas sociedades simples, como por exemplo, uma pessoa que já esta idosa de mais para acompanhar o grupo, que se não morrer atrapalhara o andamento deste.
Suicídio anômico: ´é em decorrência do efeito da anomia social, onde o individuo não sente as influencias da sociedade, a partir da moral e das instituições que se encontram enfraquecidas, e portanto não controlam as paixões individuais e não mantem a coesão social levando o individuo a se sentir perdido na sua sociedade. É o tipo característico da sociedade moderna.
Referências Bibliográficas:
QUINTANEIRO, Tânia. Um toque de clássicos. Editora: UFMG; Belo Horizonte – MG; 2ª edição; 2002. 

Bolsista: Jaqueline Resmini Hansen

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