07 novembro, 2013

Relato da regência de outubro
Na noite de 24 de outubro de 2013, fui ao CEEBJA para ministrar a aula “Karl Marx e a falha metabólica” na turma do professor supervisor Wilson Eger. Comecei me apresentando e explicando o motivo da mudança de professor. Então, reconstruí o conceito de movimentos sociais através de diálogo com os alunos. Depois elencamos exemplos de movimentos sociais conhecidos pelos alunos. A partir dessa discussão, chamei a atenção dos alunos para os movimentos sociais relacionados ao meio ambiente, associados às crescentes preocupações entorno do que se considera uma crise ecológica.
Como forma de auxiliar os alunos no entendimento da argumentação por trás desses movimentos sociais e das relações sociais associadas ao seu discurso, trabalhei o conceito marxista de “metabolismo” ser humano-natureza e, particularmente, a “falha metabólica”, a partir da interpretação de John Bellamy Foster. A noção de metabolismo entre ser humano e natureza foi construída através do diálogo com a turma e questionamentos que permitissem a reflexão sobre a origem natural de todos os objetos que constituem nossa realidade social. Por outro lado, outros questionamentos buscaram estimular a reflexão sobre a modificação do ambiente natural através da atividade humana e a nosso papel dentro do metabolismo natural. Com isso, busquei demonstrar que nossa realidade social está inserida na realidade natural, de modo que nós vivemos graças a nossa interação metabólica (tanto no sentido individual quanto coletivo) com a natureza. A partir disso, incentivei os alunos a refletirem sobre as mudanças nessa relação metabólica entre sociedade e meio ambiente advindas do desenvolvimento do capitalismo, utilizando exemplos expostos por Foster em seu artigo (na bibliografia). Por sugestão do professor supervisor, assistimos o documentário “A história das coisas” (disponível no site Youtube). Esse curta-metragem, além de expor boa parte dos argumentos trabalhados na aula de forma sintética, ainda tem a vantagem de fazer a associação entre exploração sócio-econômica e ambiental, ilustrando com animações e figuras. Após a exibição do filme, discutimos os argumentos apresentados, as opiniões dos alunos à respeito do tema e a relação entre a teoria trabalhada e o discurso apresentado no filme.
A aula foi bem sucedida, pois despertou o interesse e a atenção dos alunos, além de expor uma análise social integrada com os aspectos ecológicos de um problema atual.

PLANO DE AULA


Plano de Aula – Sociologia
Karl Marx e o “metabolic rift” (falha do metabolismo)

Instituição: CEEBJA
Disciplina: Sociologia
Unidade: Autores clássicos da sociologia
Série: todas
Horas-aula: 4
Professor: Tcharles Gonçalves Schmidt

1.         PRÁTICA SOCIAL INICIAL

1.1  Unidade do Conteúdo: Autores clássicos da sociologia

Objetivo Geral: Apresentar aos alunos o conceito de “metabolismo entre homem e natureza” e sua importância para o entendimento do conceito de “trabalho” (enquanto “imposição da natureza para a existência humana”), uma vez que esse conceito mostra-se essencial ao entendimento da teoria marxista.

Tópicos do conteúdo e objetivos específicos:

·                Tópico 1: A relação entre as pessoas e natureza, na representação dos alunos.
Objetivo específico: Dialogar e extrair da opinião dos alunos as concepções recorrentes sobre o que eles entendem como natureza e do seu relacionamento com a mesma, fazendo anotações no quadro que possibilitem associar o entendimento que os alunos tem sobre o tema e a concepção marxista sobre a natureza.

·                Tópico 2: Karl Marx e o metabolismo homem-natureza.
Objetivo específico: Apresentar a concepção marxista da relação entre humanidade e natureza, segundo interpretações de Schmidt e Foster, enfatizando o contexto histórico e os acontecimentos em outros ramos científicos que influenciaram as formulações do autor do materialismo histórico-dialético.

·                Tópico 3: “Metabolic Rift” (rompimento do metabolismo).
Objetivo específico: Apresentar o conceito de “metabolic rift” (rompimento do metabolismo) e explicá-lo, a partir do desenvolvimento dado ao tema por John Bellamy Foster no artigo de 1999 (na bibliografia). Inclusive sobre a exacerbação da poluição pela característica da produção capitalista de produzir com base no valor de troca (pra lucro) ao invés do valor de uso (utilização).

·                Tópico 4: Dinâmica do “rompimento do metabolismo”.
Objetivo específico: Fazer uma dinâmica que possibilite aos alunos encenar a apresentação anterior e, dessa forma, se apropriar da teoria apresentada na aula de forma lúdica. Nessa atividade, os alunos representarão as pessoas e a sala de aula será dividida em dois espaços: o campo e a cidade (no início o campo compreenderá um espaço bem maior do que a cidade), utilizaremos os livros e cadernos para representar os nutrientes. A atividade começa: na Idade Média, com poucas pessoas no campo e muito menos pessoas na cidade, essas encenam a retirada de nutrientes do solo através da agricultura e o retorno desses para o solo pela população do campo, enquanto esse se transforma em poluição nas cidades (ainda em pequena escala); com o desenvolvimento da indústria e da economia capitalista, verifica-se o aumento da população e mudança gradual da maior parte da população do campo para a cidade e, dessa forma, incremento na taxa de retirada de nutrientes do solo e diminuição da porcentagem de nutrientes que é devolvida ao solo concomitante ao aumento da taxa de poluição nas cidades (e no campo com a utilização de fertilizantes artificiais).

·                Exercitando: Proposta de redação
Objetivo específico: Com o intuito de possibilitar maior reflexão sobre o tema e exercitar a comunicação escrita, será proposto aos alunos escrever um texto contemplando os seguintes questionamentos:
- Qual sua opinião sobre a interpretação apresentada a respeito da relação entre ser humano e natureza e o modo como ela ocorre na nossa sociedade atualmente?
- Quais consequências (positivas e/ou negativas) você acredita que nossa forma de nos relacionar com os elementos naturais pode ter no futuro?
- Como você acredita que a relação entre a sociedade e a natureza vai se desenvolver nas próximas décadas?
- O que você acha que deve melhorar na forma da nossa sociedade regular o “metabolismo” entre ser humano e natureza?

2        INSTRUMENTALIZAÇÃO

2.1     Ações didático-pedagógicas

Exposição oral do professor, debate e dinâmica (encenação da teoria apresentada).

2.2     Recursos humanos e materiais

Exposição oral, lousa, giz, livros e cadernos.


3        REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

FOSTER, John Bellamy. Marx´s theory of metabolic rift: classical foundations for environmental sociology. University of Chicago, Chicago, 1999. http://www.unc.edu/courses/2008spring/geog/804/001/210315.pdf

SCHMIDT, Alfred. The concept of nature in Marx. NLB, London, 1971.

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